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Publicado em 02/04/2018 10:54:00
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Nos dias 27 e 28 de março, a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) realizou o I Workshop BIM do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), no Rio de Janeiro.


Major-Brigadeiro Fernando, Presidente da CISCEA

O objetivo do encontro foi apresentar e disseminar a cultura da tecnologia BIM (do inglês, Building Information Modelling) para os elos de engenharia do SISCEAB (DECEA, CINDACTA I, CINDACTA II, CINDACTA III, CINDACTA IV, SRPV-SP, PAME, ICEA, PAME-RJ e CISCEA). Da mesma forma, despertar debates sobre a implantação dessa nova tecnologia para a elaboração de projetos e maneiras mais eficazes para manutenção do patrimônio imóvel do SISCEAB.

Além dos elos, participaram do evento militares do Exército Brasileiro, do Instituto Militar de Engenharia (IME), da Consultoria Jurídica da Aeronáutica (COJAER), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Centro de Estudos e Projetos de Engenharia da Aeronáutica (CEPE), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e profissionais de empresas convidadas.

Na abertura, o Presidente da CISCEA, Major-Brigadeiro Engenheiro Fernando Cesar Pereira Santos, disse que a Comissão historicamente tem o papel de inovar dentro da estrutura do SISCEAB.

O Major-Brigadeiro Fernando contou que a CISCEA já deu alguns passos usando a metodologia: “a utilização do BIM é recomendada, já que os projetos ficam mais precisos, facilitando futuras auditorias. É novo, é o futuro, muitos países já estão evoluindo no tema, e precisamos dar prosseguimento a esta iniciativa inovadora”, aconselhou.


David Pinto, da David Pinto Consultoria

Em seguida teve início uma rodada de palestras e debates sobre a tecnologia e sua utilização no mundo. BIM, em português, Modelagem da Informação da Construção, traz um novo conceito quando se trata de projetos e gerência de informação para propor a melhor solução técnica e econômica aos problemas de engenharia.

Segundo o professor Sérgio Leusin, Doutor em Engenharia de Produção, pela COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos palestrantes, a adoção do BIM deve ser pensada para trazer mais precisão ao projeto.

Leusin apontou vários benefícios, como a facilidade para gerar diferentes cenários – de viabilidade e execução –, obtenção de dados confiáveis, detalhamento de quantitativos de materiais e serviços, integração no planejamento e controle da obra.


Prof Leusin, Doutor em Engenharia de Produção

Em sua apresentação, mostrou dados da utilização de BIM no mundo, com experiências no Reino Unido, Estados Unidos, Cingapura, China e Chile. “O BIM já é uma tecnologia dominante nos grandes projetos na União Europeia, América do Norte, Japão e países nórdicos”.

Também apresentou a evolução no BIM no Brasil, que começou em 2005, quando alguns arquitetos e construtoras adotaram softwares BIM. Em 2016, a Região Sul montou um Grupo de Trabalho interestadual e, em seguida, o Governo Federal instituiu o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling, para propor a estratégia nacional de disseminação de BIM.


Alessandro Marchetti, gerente geral para América Latina da eFMItália

Em dezembro de 2017, foram publicados os Guias de Processo BIM, desenvolvidos por meio da parceria entre o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

O intuito é disponibilizar informações e orientações para a prática de planejar, projetar (especificar-quantificar-orçar), contratar, fiscalizar e aceitar obras públicas ou privadas, em aplicações BIM, e outras comunicações necessárias para impulsionar o BIM no mercado brasileiro. A coletânea possui seis volumes, que podem ser baixados gratuitamente: https://goo.gl/5PTLKg.

Outro palestrante, Tiago Francisco, da Campestrini, empresa de pesquisa e desenvolvimento de soluções para a construção civil, explicou que projetos feitos em BIM tem mais eficiência, já que o que se busca é a melhoria da qualidade das construções. A edificação terá melhor resultado, será mais barata, a entrega será mais rápida, com menor risco da obra parar no meio da execução, menos aditivos, uma edificação com mais qualidade, com mais opções para quem estiver usando.


Tiago Francisco, da Campestrini

“A iniciativa de criar este workshop é importantíssima, já que a introdução do BIM é um passo que a Aeronáutica terá que dar.  É interessante que seja um órgão deste porte e com esta competência técnica com uma universidade dando suporte para fazer um alinhamento estratégico. Fico honrado com o convite, de poder participar da evolução técnica deste tipo de órgão”, avaliou Tiago.

Em outra palestra, Tecnologias Disruptivas para Gestão de Facilities e Infraestruturas, Alexandre Fitzner do Nascimento, criador do projeto OPUS – Sistema Unificado do Processo de Obras do Exército, afirmou que a iniciativa do evento demonstra a intenção de introduzir a tecnologia BIM no desenvolvimento de projetos, obras e serviços na CISCEA. “Este desafio exige a colaboração de pessoas que já participaram deste processo, vim aqui para colaborar neste sentido”, apontou.


David Pinto, da David Pinto Consultoria

O idealizador do OPUS, software especialista em gestão da informação do ciclo de vida da infraestrutura física do Exército, esclareceu que o uso do sistema agrega uma nova forma de enxergar o ambiente construído e contribui com a melhor maneira de fazer projetos, obras e também de entender melhor outras atividades que não sejam da engenharia, por exemplo, em logística, gestão de pessoas ou outras áreas de negócios.


Tenente-Coronel Francis

Para um dos participantes do workshop, o Presidente da Comissão de Obras do DCTA (CO-DCTA), Coronel Aviador Steven Meier, o assunto abordado foi muito impactante. “Desde que a CO foi criada, exclusivamente para fiscalizar as obras do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), sempre vimos a CISCEA como uma instituição modelo dentro da engenharia na Aeronáutica”.


Major Telechi, Chefe da Divisão de Infraestrutura da CISCEA

Em sua experiência na Força Aérea Brasileira (FAB), lembrou de seu tempo à frente do Quinto Serviço Regional de Engenharia (SERENG-5), em Canoas, quando foi feita a aquisição do software Revit, uma iniciativa isolada na época. “Vislumbramos este evento como uma oportunidade de crescimento não só para a CISCEA, para o SISCEAB, mas para a FAB como um todo, espero que este primeiro contato seja estendido para que possamos progredir juntos, não só o DECEA com sua engenharia, o DCTA com a dele, mas a Força Aérea caminhar de mãos dadas”, incentivou.

Entusiasta do tema, o Coronel Steven vislumbra a tecnologia nos processos da organização como um todo. “Que a FAB possa crescer, que possamos voltar a ser referência e vanguarda em termos de tecnologia porque a sociedade nos enxerga assim, então nada mais justo de que seja assim também na área da construção civil”, exemplificou.

O Chefe da Divisão de Infraestrutura da CISCEA, Major Especialista em Comunicações Danilo dos Santos Telechi, responsável pela organização do evento, se surpreendeu com o interesse dos palestrantes, o primeiro time do Brasil no assunto. “Acredito que isto se deve ao nome CISCEA, reconhecido na engenharia nacional”, explicou. Seu sentimento é de agradecimento pelo resultado positivo. “Observei na expressão facial das pessoas, nas conversas de cafezinho, que todos saíram surpresos, primeiro, porque a tecnologia está bem mais desenvolvida do que se imaginava, mas também por ver que há um espírito de colaboração entre as pessoas que estão desenvolvendo tecnologia no Brasil”, finalizou.

Seção de Comunicação Social da CISCEA
Edição: 2ºTenente REP Camille Barroso
Texto: Gisele Bastos (ASCOM/DECEA)
Fotos: Fábio Maciel (ASCOM/DECEA) e 1S Sérgio Henrique da Costa Raeder (Seção de Fotografia/ICA)